29 de dezembro de 2007

imagens cegas

"(...) A pele, seca, ardia. A luz variou outra vez, foram as nuvens que se afastaram. A mulher do médico voltou para o seu catre, mas já não se deitou. Olhava o marido que murmurava sonhando, os vultos dos outros debaixo dos cobertores cinzentos, as paredes sujas, as camas vazias à espera, e serenamente desejou estar cega também, atravessar a pele visível das coisas e passar para o lado de dentro delas, para a sua fulgurante e irremediável cegueira."
Ensaio Sobre a Cegueira, José Saramago

10 de dezembro de 2007

Desconstrução

"Mora na filosofia
Pra quê rimar amor e dor"
Mora na Filosofia, Caetano Veloso
Ih, caralho! Claro! Será que eu dou a algumas coisas um peso maior do que o que elas realmente têm? Onde foi que eu aprendi essa merda?
Desconstruir é preciso.
Superficialidade ninguém merece, mas intensidade demais também faz mal. Às vezes é bom dar um vôo pra poder testemunhar as coisas de outra perspectiva. Nem que, para isso, seja necessário (e seria mesmo?) surtar. Verdade de momento.
Será que crescer é simplificar? Seria um processo contínuo de espelhar-se e reciclar o passado? As respostas não vêm prontas. São frutos altos de alcançar.
"A razão porque mando um sorriso
e não corro
É que andei levando a vida
quase morto
Quero fechar a ferida
Quero estancar o sangue
E sepultar bem longe
O que restou da camisa
Colorida que cobria minha dor (...)"
Para um amor no Recife, Paulinho da Viola