30 de outubro de 2006

Chovo



Sou sua noite, sou seu quarto
Se você quiser dormir
Eu me despeço
Eu em pedaços
Como um silêncio ao contrário
Enquanto espero
Escrevo uns versos
Depois rasgo
Sou seu fado, sou seu bardo
Se você quiser ouvir
O seu eunuco, o seu soprano
Um seu arauto
Eu sou o sol da sua noite em claro, um rádio
Eu sou pelo avesso sua pele
O seu casaco
Se você vai sair
O seu asfalto
Se você vai sair
Eu chovo
Sobre o seu cabelo
pelo seu itinerário
Sou eu o seu paradeiro
Em uns versos que eu escrevo
Depois rasgo

(Uns Versos, de Adriana Calcanhotto)

20 de outubro de 2006

memória afeolfativa



tem cheiros que eu queria guardar .
seria como enjaular a eternidade de seus momentos
de terra molhada de chuva
de pitanga
de mato
de sexo, nos dedos
de primavera.
tem cheiros que alimentam a alma.

19 de outubro de 2006

enquanto tudo derrete


...enquanto tudo derrete
Enquanto tudo derrete
Enquanto tudo parece
Derreter

(Calor, de Adriana Calcanhotto)

10 de outubro de 2006

e esperam


Atravesso a noite com um verso
Que não se resolve
Na outra mão as flores
Como se flores bastassem
Eu espero
E espero
Não funcionam luzes, telefones
Nada se resolve
Trens parados, carros enguiçados
Aviões no pátio esperam
E esperam
A chave que abre o céu
D´aonde caem as palavras
A palavra certa
Que faça o mundo andar

(George Israel/Paula Toller/Herbert Vianna)

6 de outubro de 2006



mas é preciso ter manha
é preciso ter graça
é preciso ter sonho
sempre

(Maria Maria, de Milton Nascimento e Fernando Brant)

2 de outubro de 2006

fogos de artifício


momento: aterrisagem

desafio do dia (já tem o teu?)
trazer o olhar dos fogos de artifício para perto.
sim, há muito a ser feito. mas há também a sedução pelas estrelas.
no meio disso, a segunda-feira.