27 de setembro de 2007

Drama

Drama
não é o fim de cada ato.
É o dar-se conta.

E depois rir...

20 de setembro de 2007

cansaço

...e às vezes Don Juan chega em casa, cansado de tanta conquista, ouve uma música do Cartola e chora.

10 de setembro de 2007

amor ao desejo


"Amamos desejar mais do que amamos o objeto de nosso desejo."

- Nietzsche

Argh... detesto concordar, mas é verdade. O coração precisa de bem pouco pra se apaixonar. O meu, pelo menos, sim. Analisando as coisas racionalmente, ele pega um punhado de informações - uma barba, um tom de voz, uma estatura, uma energia viva de moleque, palavras doces, uma profissão e um esporte diferentes, um tempo na França, humor ótimo, carinho, uma bela de uma pegada e um sorrir com os olhos que faz o olhar e o sorriso mais encantadores do mundo e BUM! Batata. Ali tô eu, completamente abobado. E pra mim, tão racional sempre, é bom curtir estar caidinho por alguém de vez em quando até porque, geralmente, eu consigo rapidamente destruir o castelinho.


Fogo não existe sem combustível: claro que tem o meu momento também... e outras razões que - depois eu vou descobrir, eu sei -, na verdade, deixam o buraco bem mais embaixo. Fazendo uma analogia à caverna de Platão, não sou dos que se contentam em viver, adormecidos, no teatro de sombras do iceberg inconsciente a que chamamos vida real. Busquemos a luz da consciência! Mas sem deixar de relaxar... e gozar :-)=

8 de setembro de 2007

pierrot retrocesso meio bossa-nova e rock´n roll

ok. podem me chamar de louco, de egoísta, de descompensado, de perdido. quando o assunto é o coração, é assim mesmo que eu fico. eu gosto é de opostos, enquanto descubro o meu jeito. caminhava até pouco tempo atrás sempre agindo pela razão e deixando ele lá, batendo sozinho, ignorado. e agora que tento lhe dar mais atenção... é inseguro, é louco, e na hora não tem razão fazer as coisas que faço para segui-lo, mas mesmo assim, pelo menos no momento, sinto que fiz a coisa certa. só vou saber se foi certo ou errado depois que fiz... mas antes a certeza do fracasso ao tormento da dúvida. e quem não tem todo o direito de cometer insanidades de vez em quando?

*título: referência à música Faz parte do meu show, de Cazuza

3 de setembro de 2007

Toco tu boca

"Toco tu boca, con un dedo todo el borde de tu boca, voy dibujándola como si saliera de mi mano, como si por primera vez tu boca se entreabriera, y me basta cerrar los ojos para deshacerlo todo y recomenzar, hago nacer cada vez la boca que deseo, la boca que mi mano elige y te dibuja en la cara, una boca elegida entre todas, con soberana libertad elegida por mí para dibujarla con mi mano en tu cara, y que por un azar que no busco comprender coincide exactamente con tu boca que sonríe por debajo de la que mi mano te dibuja.
Me miras, de cerca me miras, cada vez más de cerca y entonces jugamos al cíclope, nos miramos cada vez más cerca y los ojos se agrandan, se acercan entre sí, se superponen y los cíclopes se miran, respirando confundidos, las bocas se encuentran y luchan tibiamente, mordiéndose con los labios, apoyando apenas la lengua en los dientes, jugando en sus recintos, donde un aire pesado va y viene con un perfume viejo y un silencio. Entonces mis manos buscan hundirse en tu pelo, acariciar lentamente la profundidad de tu pelo mientras nos besamos como si tuviéramos la boca llena de flores o de peces, de movimientos vivos, de fragancia oscura. Y si nos mordemos el dolor es dulce, y si nos ahogamos en un breve y terrible absorber simultáneo del aliento, esa instantánea muerte es bella. Y hay una sola saliva y un solo sabor a fruta madura, y yo te siento temblar contra mí como una luna en el agua."

Julio Cortázar